1
– DEFINIÇÕES
1.1
PRESERVAÇÃO
É o conjunto de medidas e estratégias de ordem administrativa,
política e operacional que contribuem direta ou indiretamente para a proteção
do patrimônio. Ex.: Leis, Campanhas, Congressos etc.
1.2
CONSERVAÇÃO
É o levantamento, estudo e controle das causas de degradação,
permitindo a adoção de medidas de prevenção. É um procedimento prático aplicado
na preservação. Ex.: Diagnóstico, monitoramento ambiental, vistoria, etc.
1.3
CONSERVAÇÃO PREVENTIVA
São intervenções diretas, feitas com a finalidade de resguardar o
objeto, prevenindo possíveis malefícios. Ex.: Higienização, pequenos reparos,
acondicionamento, etc.
1.4
RESTAURAÇÃO
É um conjunto de medidas que objetivam a estabilização ou a
reversão de danos físicos ou químicos adquiridos pelo documento ao longo do
tempo e do uso, intervindo de modo a não comprometer sua integridade e seu
caráter histórico.
2
AGENTES DE DEGRADAÇÃO DO PAPEL
2.1
Internos
Estão
ligados diretamente a composição do papel tais como: tipo de fibras, tipo de
encolagem, resíduos químicos não eliminados, partículas metálicas, ou seja,
todos os componentes que fazem parte do papel.
2.2
Externos
São
os agentes físicos e biológicos, tais como: radiação ultravioleta, temperatura
e umidade relativa, poluição, microorganismos, insetos, roedores, o homem, etc.
2.2.1
- AGENTES FÍSICOS
Luz
Toda
fonte de luz, seja ela natural ou artificial, emite radiação nociva, do tipo
infravermelho e ultravioleta, ambos causadores de danos ao papel. A ação da
radiação ultravioleta sobre o papel é irreversível e prolonga-se mesmo
terminado o período de irradiação, contribuindo para a oxidação da celulose.
A
luz tem dois efeitos sobre o papel, ambos contribuindo para a sua degradação. O
primeiro efeito caracteriza-se por apresentar uma ação clareadora, que causa o
desbotamento ou o escurecimento de alguns papéis e algumas tintas. O segundo
efeito apresenta-se como uma acelerada degradação da lignina (componente natural
responsável pela firmeza e solidez do conjunto de fibras, agindo como uma
espécie de cimento) que porventura esteja presente no papel, tornando-a
progressivamente escura. As fibras do papel se rompem em unidades cada vez
menores, até se tornarem insuficientes para manterem a folha unida. As reações
invisíveis produzem uma quebra na estrutura molecular do papel, resultando no
seu enfraquecimento, ou seja, acelera o processo de envelhecimento deste tipo
de material.
Temperatura
e umidade relativa.
O
desequilíbrio da temperatura e da umidade relativa provoca no acervo uma
dinâmica de contração e alongamento dos elementos que compõem o papel, além de
favorecer a proliferação de agentes biológicos, tais como: fungos, bactérias,
insetos e roedores. Quanto mais baixa for a temperatura, maior será a
permanência e durabilidade do papel. A umidade também afeta seriamente o papel:
se muito elevada, apressa a degradação ácida e se for muito baixa, facilita o
ataque de agentes biológicos.
A
temperatura tem influência determinante nas alterações da umidade do ar. A
umidade relativa (UR) exprime a razão da quantidade de vapor de água contido em
um determinado volume de ar a dada temperatura (T) e a quantidade máxima de
água que este volume poderia conter sem verificar o fenômeno de condensação.
Quanto
mais alta a temperatura, mais alta é a quantidade de água contida no ar. A
queda brusca da temperatura causa a redução de quantidade de água que o ar
suporta, ocasionando a condensação de umidade e a formação de gotas de água.
Uma
regra geral estabelece que as reações químicas dobram a cada elevação de
temperatura de 10oC. No caso especial da celulose, mostrou-se que testes
artificiais de envelhecimento indicam que cada aumento de 5oC quase
dobra a taxa de deterioração, mesmo na ausência de luz, poluentes ou outros
fatores. Por outro lado, são materiais higroscópicos, isto é, que possuem
propriedade de perda ou aquisição de água.
2.2.2
- AGENTES QUÍMICOS
Poluição
ambiental
O
controle da qualidade do ar é essencial num programa de conservação de acervos.
Os poluentes contribuem pesadamente para a deterioração de materiais de
bibliotecas e arquivos.
O ar dos centros urbanos e industriais contém uma grande
diversidade de partículas e gases. As partículas compõem a parte sólida de
dimensões microscópicas dos poluentes. Reúnem especialmente o pó, a fuligem e
os esporos dos microorganismos. Os gases formam os poluentes mais reativos e
perigosos para os documentos.
O
dióxido de enxofre é lançado na atmosfera, principalmente pela queima dos
combustíveis fósseis empregados nos fornos industriais e nos automóveis. Ele
também se combina com o oxigênio, transformando-se em trióxido de enxofre. Tal
reação química é catalisada por pequenas partículas metálicas. A combinação do
trióxido de enxofre e a água, seja a do ar ou do papel, formará o ácido
sulfúrico, que provoca manchas e escurecimento do papel, além da perda de sua
resistência.
O
ozônio é um poderoso agente oxidante. Atua sobre os materiais orgânicos,
causando o rompimento das ligações entre os átomos de carbono.
Outros
poluentes podem decorrer da volatilização de solventes de pinturas e de
produtos de limpeza que contenham derivados de petróleo. Entretanto,
freqüentemente, observamos a liberação destes resíduos químicos, o que se
constitui num problema que se agrava quando o edifício conta com um sistema de
ar condicionado central, o qual reutiliza o ar contaminado. Alguns gases
poluentes não são tão perigosos por si mesmos, mas fazem mal ao papel, ao se
combinarem com elevada umidade relativa para a formação de ácidos. Portanto, a
providência mais elementar para a conservação dos acervos é reduzir a umidade
relativa e a temperatura, sendo esta responsável pela aceleração das reações
químicas.
Poeira
No
pó estão contidas partículas de substâncias químicas cristalinas e amorfas,
como terra, areia, fuligem e grande diversidade de microorganismos, além de
resíduos ácidos e gasosos provenientes da combustão em geral e de atividades
industriais.
O
pó não modifica apenas a estética dos documentos. Quando observamos a sujeira
retida nos papéis, como os excrementos dos insetos, colas e poluentes
atmosféricos, observamos a ação destrutiva. As pequenas partículas possuem ação
cortante e abrasiva. A aderência do pó não é apenas superficial, mas também no
interior da fibra, que é absorvida por meio de ligações químicas.
2.2.3
- AGENTES FÍSICOS MECÂNICOS
Guarda inadequada
Encadernações
mal realizadas ou em mal estado, não protegem os documentos e permitem a penetração
do pó e de poluentes. Nos documentos avulsos, o peso dificulta a retirada das
caixas das prateleiras. A superlotação das caixas ocasiona também a compactação
dos papéis que, além de sofrerem rasgos e amassarem durante a retirada e
reposição, favorecem a infestação de insetos e microorganismos.
As
embalagens não devem ser feitas de papel ácido, tipo kraft, que contém lignina,
enxofre e acidez, os quais migram para os documentos. As amarrações com
barbante provocam tensão e favorecem o corte das margens dos documentos.
Manuseio incorreto
Os
problemas de manuseio não se limitam apenas no momento em que os documentos
estão nas mãos do usuário. Deve ser analisado todo o percurso, de ida e volta,
entre a estante, a sala de consultas e de reprodução. Isto depende do
treinamento de funcionários e usuários, ou seja, de todo um planejamento de
conservação.
Desastres
Os
desastres constituem os fatores de maior gravidade na destruição dos
documentos. Danos provocados pelo fogo e água podem estar ligados a causas
naturais, como terremotos, vulcões, furacões ou fortes tempestades. Raios e
descargas elétricas podem causar incêndios. Do rompimento de tubulações de
água, do destelhamento, da obstrução de calhas e com a elevação dos leitos de
rios podem surgir inundações.
O fogo, em virtude da sua rápida ação, pode causar danos
irreparáveis. Nos casos de incêndios, a temperatura no interior do edifício
costuma chegar a níveis altíssimos. Os documentos, quando não são queimados,
podem ser afetados de maneira irreversível. A fumaça e a fuligem se espalham
por toda a área, manchando, inclusive, documentos que tenham escapado do fogo.
A Instalação de equipamentos modernos de detecção de fumaça e controle do fogo
deve ter prioridade nos prédios antigos e modernos que abrigam acervos. Também
deve ser priorizados a execução constante de manutenção e um exercício pleno de
monitoramento do prédio com auxílio de brigadas antiincêndios. Por outro lado,
na tentativa de controlar as chamas, a água pode ampliar a extensão dos
estragos.
Documentos
molhados tornam-se imediatamente vulneráveis a graves danos. Além da deformação
causada nas encadernações, existe o perigo de escorrimento das tintas e o
apodrecimento pelo ataque microbiológico. De acordo com a origem da inundação,
a água pode estar contaminada por fatores químicos agressivos, de grande
diversidade de impurezas e de microorganismos. A ação de salvamento deve,
portanto, ser rápida e eficaz. Para isto, deverá ser previamente planejada. Por
esta razão, é essencial que arquivos e bibliotecas elaborem um plano de
emergência, onde estejam definidos todos os problemas que signifiquem riscos em potencial. Ao mesmo
tempo, deve ser determinada uma estratégia para o salvamento do acervo, no caso
de acidentes.
O
maior perigo num incêndio é o dano causado pela água de combate ao fogo,
promovendo os mesmos efeitos de uma catástrofe por inundação.
Os
livros molhados aumentam de volume, os impressos em papel tipo cuchê, com
revestimento brilhante, em geral usado para impressão de ilustrações,
transformam-se em verdadeiros tijolos com suas páginas coladas umas nas outras.
Em
virtude da umidade excessiva, ocasionada pela água utilizada na tentativa de se
apagar o fogo de um incêndio, ou mesmo por inundação, o mofo começa a invadir o
acervo. Os esporos são capazes de difundir-se rapidamente a outras partes do
imóvel que não foram atingidas por esses eventos.
2.2.4
- AGENTES BIOLÓGICOS
Microorganismos
Encontramos
uma enorme variedade de seres microscópicos no ar. O papel é vulnerável aos
ataques microbiológicos, pois seu principal constituinte, a celulose, sofre
degradação provocada por diferentes espécies de fungos e bactérias. A ação de
microorganismos no papel se manifesta pelo aparecimento de manchas de várias cores,
intensidades e conformações. As enzimas, que são produzidas como resultado do
metabolismo de diferentes espécies de fungos e bactérias, aceleram os processos
de degradação da celulose e de colas. A conseqüência é a transformação das
características físicas e químicas do suporte, que fica com um aspecto filtroso
e fragmentado.
Bactérias
As
bactérias compõem-se de uma só célula, ou podem se associar a células
similares, formando colônias. As células das bactérias não se diferenciam como
as dos fungos e se classificam, de acordo com o tipo de conformação das
colônias. Normalmente sua reprodução se faz a partir da divisão de uma célula
em duas iguais. Em condições desfavoráveis, certas bactérias também produzem
esporos como forma de resistência. Neste caso, há formação de um esporo por
célula.
Embora as bactérias possam crescer numa ampla faixa de
temperatura (de 0 a
80oC),
as condições ideais estão na temperatura de 20 a 37oC. A
umidade é indispensável tanto ao desenvolvimento das bactérias, como dos fungos.
Os ambientes que possuem elevada umidade relativa favorecem seu crescimento e
multiplicação.
Fungos
Os
fungos constituem-se de duas partes diferenciadas: a vegetativa que é composta
de hifas
que servem de
fixação e absorção de alimentos; e a reprodutiva, onde se encontra uma célula
que produz vários esporos. Com poucas exceções, sua reprodução se faz por
esporulação. Os esporos são células ovais, altamente resistentes aos ambientes
desfavoráveis. Portanto, além de ser uma forma de reprodução, a esporulação
também é uma forma de resistência. Neste caso, há a formação de somente um
esporo por célula que, em condições ideais, volta a se desenvolver. As
condições ideais para o crescimento dos fungos estão entre 22 a 30oC,
sendo que este desenvolvimento pode também ocorrer em condições de 0 a 62oC.
No
papel, as colônias de fungos costumam ser identificadas por manchas de cor
amarela, mais escuras no centro e mais claras nos contornos. Dependendo da
espécie de fungo, as manchas se ampliam e se apresentam sob diversas
tonalidades. Em condições muito favoráveis, formam bolores e seus esporos, em
grande quantidade, dão a impressão de um pó.
Insetos
Os
danos que os insetos causam aos acervos são bastante conhecidos. Produzem
estragos de grande intensidade, durante tempos relativamente curtos. A ação
destrutiva é maior nas regiões de clima tropical, cujas condições de calor e
umidade relativa elevadas provocam numerosos ciclos reprodutivos anuais e
desenvolvimento embrionário mais rápido. São pouco afetados pelo controle
ambiental interno e acervos, uma vez que possuem uma grande capacidade de
adaptação às transformações ambientais. Além disso, podem adquirir resistência
aos inseticidas com o passar do tempo.
Os
grandes predadores de documentos e livros se classificam como: Tisanuros (traças), Blattoideas (baratas), Isópteros (Cupins) e os Coleópteros (besourinhos, carunchos,
brocas). Alcançam os depósitos através de janelas, forros, ralos, etc. Também
podem ser introduzidas por meio de aquisição de acervos ou objetos já
infestados.
Traças
Os
Tisanuros
se desenvolvem
sem metamoforse, isto é, do ovo atingem sua conformação já completa, e vão
aumentando de tamanho até a fase adulta. Não ultrapassam a 2 cm de comprimento, sem
contar com as antenas e filamentos caudais. Possuem corpo mole, recoberto por
minúsculas escamas finas de cor cinzenta e brilho prateado. Desbastam couros,
papéis e fotografias pela superfície, se instalando e se desenvolvendo em
locais escuros e especialmente úmidos. Sua configuração plana lhes permite
penetrar os espaços entre as folhas e por detrás dos móveis, junto às paredes.
Baratas
As
Blattoideas
fazem uma
metamorfose incompleta, passando do ovo para a ninfa e a seguir à fase adulta.
Preferem os locais escuros, quentes e úmidos. Em geral se desenvolvem nos
depósitos e nos condutores de instalações hidráulicas e elétricas. São atraídas
para os ambientes pelos resíduos alimentares. Tal como as traças, causam danos
nas superfícies e nas margens de documentos e das encadernações.
Cupins
Os
Isópteros
se alimentam da
celulose da madeira e dos papéis. São muito resistentes e vivem em colônias
muitas organizadas. Classificam-se em dois grupos: os de solo e os de madeira.
Os dois tipos atacam igualmente as coleções documentais.
Os
cupins de solo formam colônias subterrâneas e chegam às edificações através de
canais (galerias), que constróem pelas bases de madeira e mesmo de concreto,
aproveitando suas falhas estruturais para protegê-los da luz, uma vez que não
possuem proteção epitelial.
Os
cupins de madeira vivem dentro da madeira de móveis, portas, forros, etc.
Passam para livros e documentos que se encontram em armários, estantes e
gavetas infestadas.
Têm
aversão à luz, uma vez que não possuem pêlo. Procuram exatamente os conjuntos
compactos de papéis. Apesar de se alimentarem da celulose do papel, preferem as
madeiras e por isso mesmo, algumas vezes as coleções de documentos são usadas
apenas como caminho para que possam alcançar seu alimento. Seus estragos
desenvolvem-se internamente, sobretudo através de furos.
Brocas
Os
Coleópteros
possuem
metamorfose completa: passam do ovo para a larva, desta para a pupa e,
finalmente, ao inseto adulto. Suas espécies variam de acordo com as condições
climáticas de cada região.
São
vulgarmente denominados de brocas, carunchos ou besourinho. Estes insetos
perfuram as folhas compactadas ou de encadernados, até rendilhá-las,
impossibilitando a leitura do texto.
Piolhos
Os
Psocópteros, vulgarmente conhecidos como
piolho de livros, pequenos insetos de cor amarela-avermelhada, são
freqüentemente encontrados entre as folhas. Sobrevivem em locais muito úmidos,
pois são insetos que não atacam diretamente o documento, porém alimentam-se dos
fungos e de restos de outros insetos mortos, e pode causar danos nos livros,
roendo as encadernações, formando pequenos orifícios de contorno irregular.
Roedores
Adaptam-se
a quase todas as condições climáticas e alimentam-se de matéria orgânica,
geralmente restos de alimentos. Preferem ambientes quentes, úmidos e escuros.
Para manterem-se aquecidos, utilizam papéis, couro, tecidos, plásticos picados,
principalmente na confecção dos ninhos para reprodução, que ocorre até dez
vezes por ano. A invasão nos depósitos pode ser feita pelos porões, portas, janelas,
forros, tubulações etc. Além dos estragos nas coleções, os ratos oferecem o
risco de transmissão de doenças ao homem, como leptospirose, hidrofobia, etc.
O
Homem
O
homem, consciente ou inconscientemente, é um dos maiores agressores do papel. O
simples uso normal é o suficiente para degradar este material. A acidez e a
gordura do suor das mãos, em contato com o papel, produzem acidez e manchas.
Também são nocivos os maus tratos como: rasgar, riscar, dobrar, escrever,
marcar, colocar clipes, grampos metálicos, colar fitas, etc. Essas atitudes são
comuns, tendo-se tornado um hábito entre as pessoas que não pensam na
preservação do documento e que se importam apenas com a informação contida no
mesmo, não levando em consideração os danos, muitas vezes irreversíveis, que
estão causando.
3
– TÉCNICAS DE CONSERVAÇÃO
3.1
– Diagnóstico
O
diagnóstico deverá ser a primeira etapa de todo o processo de conservação, pois
é neste momento, que poderá será feito um levantamento detalhado das condições
físicas de cada publicação. É decisivo para a definição de qual documento será
tratado primeiro, bem como, qual será selecionado, baseado na relevância da
publicação para a instituição e a disponibilização do documento em âmbito
nacional.
3.2
– Monitoramento Ambiental
O
controle da temperatura e da umidade relativa do ar é de importância
fundamental na preservação dos acervos de bibliotecas e de arquivos, pois
níveis inaceitáveis destes fatores contribuem sensivelmente para a
desintegração dos materiais. Um bom programa de monitoração inclui um plano
escrito para a coleta de informações e a manutenção dos instrumentos. Ele deve
identificar os espaços a serem controlados, os procedimentos a serem adotados e
as formas de gravar as informações desejadas. As amostras devem ser colhidas
das maiores variações possíveis de condições.
Para
uma boa conservação do papel, do ponto de vista químico e físico, aconselha-se
manter a temperatura entre 18 e 22oC e a umidade relativa entre 45
e 55%. A medição desses índices pode feita através da utilização de aparelhos
termohigrometros e devem ser realizadas diariamente.
O
sistema de ar condicionado deverá estar ligado ininterruptamente para evitar
oscilações bruscas sobre o acervo. A manutenção de condições estáveis é de
grande importância. Os níveis de temperatura ou umidade não devem ser
modificados à noite, nos fins de semana, ou em outras ocasiões em que
bibliotecas ou arquivos estejam fechados. Caso a umidade relativa ultrapassar
os padrões adequados, deverão ser usados aparelhos desumidificadores de ar.
3.3
- Vistoria
Consiste
em vistoriar o acervo por amostragem, identificando se ocorreu algum ataque de
insetos ou microorganismo. É também objetivo da vistoria, a avaliação do estado
geral dos documentos, para que sejam determinadas as providências a serem
tomadas.
3.4
- Higienização
A
sujidade é o agente de deterioração que mais afeta os documentos. Quando
conjugada a condições ambientais inadequadas, provoca reações de destruição de
todos os suportes no acervo. Portanto, a higienização das coleções deve ser um
hábito de rotina na manutenção de bibliotecas ou arquivos, sendo assim, podemos
dizer que é conservação preventiva por excelência. Isto aumenta sensivelmente
sua vida útil. A limpeza deve ser feita em intervalos regulares, cuja
freqüência é determinada pela velocidade com que a poeira se acumula nos
espaços de armazenagem.
O
método mais simples é a remoção do pó e demais sujidades a seco, denominada
higienização mecânica a seco. Este procedimento consiste na remoção do pó das
lombadas e partes externas dos livros com aspirador de pó, utilizando-se baixa
potência, com proteção na sucção. Para a limpeza das folhas utilizam-se
trinchas, escovas macias e flanelas de algodão.
Uma
limpeza mais eficiente e sem riscos poderá, deve ser feita com pó de borracha,
que é aplicado em pequenas quantidades, fazendo suaves movimentos circulares
sobre as superfícies desejadas. Em seguida, deve-se removê-lo, com um pincel ou
trincha, que deverá ser manuseada no sentido de baixo para cima, direcionando
todos os resíduos, para que seja feita a sucção existente na mesa própria de
higienização de livros. Nesta etapa, deverão ser removidos os corpos estranhos
à obra, tais como: prendedores metálicos, etiquetas, fitas adesivas, papéis e
cartões ácidos, etc. Serão identificados também os possíveis ataques de
insetos, caso ocorram.
3.5
- Acondicionamento
O
acondicionamento tem por objetivo a proteção dos documentos que não se
encontram em boas condições contra agentes externos e ambientais ou para a
proteção daqueles que foram restaurados a favor da manutenção da integridade
física da obra, armazenando-os de forma segura. São embalagens para o
acondicionamento de volumes (livros, etc.), em estantes, no sentido vertical.
Executadas em papel cartão em torno de 300g/m2, utilizam somente o sistema de
dobras e encaixe, sem fazer uso de qualquer tipo de adesivo e são
caracterizadas por uma completa vedação. O acondicionamento protege os
documentos da luz, da migração de acidez de um documento para o outro e dos
desastres, como pequenos incêndios e inundações. No caso de ser necessário
utilizar amarras, não é recomendado o uso de barbantes, mas de cadarços de
algodão crus de 1,5cm.
3.6
- Reparos
Pode-se
prolongar a vida dos documentos, procedendo pequenos reparos (remendos),
utilizando papel japonês ou outro alcalino e cola metilcelulose para impedir
que rasgos maiores, ou mesmo perdas de partes do texto. Esses recursos não
podem ser aplicados em publicações muito danificadas ou deteriorados. Neste
caso deverão receber tratamento mais específico, como a restauração.
Os
fragmentos: são partes integrantes dos documentos que se desprendem. Estes tem
importância vital para a obra, quando possuem dados integrantes do texto, ou
partes da encadernação original.
3.7
– Encadernação e reencadernação
É
o processo de conservação mais eficiente. Ocorre através da reencadernação dos
documentos que foram reparados.
Atualmente
a encadernação mais utilizada é a cola, ou seja, do tipo capa solta, aquela na
qual os cadernos ou folhas soltas são presos entre si para formar um bloco,
utilizando uma camada de adesivo sintético ou cola, que além de serem ácidos,
com o manuseio intenso soltam-se com facilidade. No laboratório, entretanto, só
poderão ser utilizados produtos alcalinos, e quando não for possível, o
material ácido deverá ser isolado com papel alcalino para evitar o contato
direto com o interior da obra e assim evitar acidificação das páginas
informacionais.
No
documento que apresentar folhas soltas ou a encadernação estiver fragilizada,
deverá ser feito o reforço. No caso de material mais recente, e tratando-se de
encadernação de época, a obra deverá ser apenas acondicionada.
As
publicações a serem encadernadas só serão definidas após o diagnóstico.
3.8
- Armazenamento
Os
documentos devem ser guardados na posição vertical, em estantes, e em ambientes
bem ventilados. Os folhetos (documentos soltos sem encadernação) devem ser
armazenados em gavetas na posição horizontal e acondicionados em caixas
confeccionadas com papel neutro ou alcalino, também chamado de papel
permanente. Os documentos maiores não devem ser colocados em cima de outros
menores, para evitar total deformação do suporte. O empilhamento deverá ser
criterioso, baseado nas condições físicas, do tamanho e peso de cada obra.
3.10
– Plano de Emergência
O
planejamento para os casos de emergência não deverá acontecer de forma isolada.
Para funcionar efetivamente, ele terá de ser integrado aos procedimentos
operacionais rotineiros da instituição. O plano precisará contemplar todos os
tipos de emergência e calamidades que a instituição pode vir a enfrentar.
Incluirá ações tanto de curto, quanto de longo prazo para os esforços de
resgate e recuperação. O plano deverá ser de fácil execução, de modo que
instruções concisas e treinamento são fundamentais para que o êxito seja total.
4
– REFERÊNCIAS BIBLIGRÁFICAS
BECK,
Ingrid. Manual de preservação de
documentos. Rio
de Janeiro : AN, 1991. Publicações técnicas n. 46 75p.
CASSARES, Norma C. Como
fazer conservação preventiva em arquivo e bibliotecas. São Paulo : Arquivo do Estado
e Imprensa Oficial, 2000. 80 p.
DUARTE, ZENY. Preservação
de documentos :
métodos e práticas de salvaguarda. 2 ed. Salvador : EDUFBA, 2003. 137 p.
GOMES, Sonia Conti. Técnicas
alternativas de conservação.
Belo Horizonte : UFMG, 1992. 79p.
LUCCAS,
Lucy et al. Conservar para não restaurar : uma proposta para
preservação de documentos em bibliotecas. Brasília : Thesaurus, 1995. 128p.
MENDES,
Marilka, et al. Conservação : conceitos e práticas. Rio de
Janeiro : UFRJ, 2001. 336 p.
POLÍTICA DE PRESERVAÇÃO : de acervos institucionais.
Rio Janeiro : MAST, 1995. 33p.
SANTIAGO,
Mônica Cristina. Conservação de documentos. Rio de Janeiro : Fundação
Casa de Rui Barbosa, 1994. 56 p. ( Papéis Avulsos, 11)
SEMINÁRIO
SOBRE PRESERVAÇÃO DE BENS CULTURAIS. Anais,
I - Papel,
São Paulo : SIBI/USP, 29 de maio a 1o de junho de 1989.
SPINELLI,
Jayme. Introdução à conservação de
acervos bibliográficos.
Rio de Janeiro : BN, 1995. 65p.